31.7.07

my notebook | apontamentos soltos

Baudrillard em 'America' dá-nos o retrato de uma sociedade egotista, alienada da realidade, ou melhor dizendo, afundada na sua própria hiper-realidade - essa fronteira onde a realidade e a ficção se misturam. O filósofo fala-nos da Califórnia mas as suas observações podem perfeitamente trasladar-se para sítios como Las Vegas ou Times Square em Nova Iorque. Todos estes sítios pertencem, na sua abordagem, ao universo dos espaços hiper-reais mas não necessariamente surreais ou fantásticos, como por exemplo a Disneylândia. Não, isso é outra coisa.

Nos últimos dias tenho saído tarde do atelier (em Chelsea, a meia dúzia de quarteirões) e passo por Times Square a caminho de casa. Penso na pertinência do discurso de Baudrillard e observo as pessoas; no fundo o que vejo é o meu próprio retrato: um sonâmbulo, embrulhado num singular universo, entre o brilho dos néones e o fluxo da multidão.