28.9.07

american landscape with dollar bill



Poderia ser uma 'still' de Philip-Lorca diCorcia. Pelo destaque da figura humana sobre o background escurecido, pela solidão, pela aparente casualidade do momento. Mas não.
É mesmo um frame de 'State and Main'.

second chances

SPUD: You see where Tom Miller's playin' the Old Farmer?
MORRIS : He's been playin' Old Farmer nigh on sixty years.
SPUD: I read for that part. Did pretty good too.
MORRIS: Bet you did.
SPUD: But I couldn't r'member all the words. Ast them would they gimme a second chance.
MORRIS: Ain't no second chances in life.
SPUD: Zat true?
MORRIS: 'Only second chance we git, z'ta make the same mistake twice.

Excerto do script de 'State and Main', David Mamet (2000), com o sotaque do Vermont.

27.9.07

blond women, pillows and white sheets



Marilyn em 1961 por Douglas Kirkland e a recém-apresentada Nell McAndrew nos dias de hoje.
Há coisas que nunca mudam. E ainda bem.

26.9.07

going home

dedicatória aos bravos (5)

Não vi o último jogo. Portugal perdeu com a Roménia por 7 pontos a 10. Vi o ensaio de Joaquim Ferreira e a conversão de Cardoso Pinto, li os comentários ao jogo, as declarações dos jogadores e ainda mais os resumos do jogo. Parece que Portugal esteve muito perto de ganhar. A perda para este encontro, por lesão, de Marcelão e de Vasco Uva , dois elementos importantes do pack avançado, já previa a subida de dificuldades atendendo ao tipo de jogo dos romenos: rucks, mauls, mauls e rucks. É o mesmo que dizer, bater, bater, bater.

Ainda assim, apesar de não terem conseguido a esperada vitória com a Roménia, os Lobos estão definitivamente de parabéns: pelas prestações exibidas em todos os jogos e pela atitude de garra em campo. A eles, esta Dedicatória aos Bravos.

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25.9.07

um homem e uma mulher

'frame' de 'minnie and moskowitz'

Segundo Cassavetes.

how much love, sex, fun and friendship can a person take?

Quantidades e medidas não sei. Mas a receita diz que para que love e fun continuem, sex e friendship não se devem misturar.

gostar de lawrence kasdan

da cumplicidade

Criar cumplicidade com alguém pode, por vezes, até ser automático. Mas ter cumplicidade com alguém leva anos a dar-se, (e se porventura se der). Nos 'Amigos de Alex', de Lawrence Kasdan (1983), o momento em que Glenn Close toca Rolling Stones no funeral faz William Hurt, Jobeth Williams, Tom Berenger, Kevin Kline e Jeff Goldblum sorrirem introspectivamente ao mesmo tempo.
Isso sim, é cumplicidade. As crianças que se desenganem.

24.9.07

anouk e os homens



as regras do jogo

Anouk Aimée pertence ao tipo de mulheres que aparece lentamente. Não é de caras que nos apercebemos da sua força. Apesar da figura elegante de cabelo escuro e ar latino há algo nela que torna a primeira impressão confusa, deixando-nos a pensar se Anouk será uma beleza de traços exóticos (talvez pelas suas raízes judias) ou se uma mulher cujo conjunto de características a define como feia. Talvez o rosto anguloso; ou o pescoço excessivamente alto; ou tamanho do nariz - tudo resulta híbrido - contribuam para a indefinição. Ao vê-la, no entanto, há punctum, apenas não é claro classificá-lo. Mas depois vamos deixando a imagem inicial ganhar forma, contorno, voz e movimento. E então aí notamos insinuação, sensualidade, feminilidade e, pasme-se, alguma agressividade. Está lá tudo o que faz falta, embora venha camuflado. No final, mulheres como Anouk são um jogo e para descobri-las há que esperar, avançar, descobrir. Enfim, como em tudo, há que saber jogar.

23.9.07

um homem e uma mulher



Segundo Claude Lelouch.

21.9.07

kath leaned turned

a educação sentimental



Kathleen. Já escrevi sobre ela outras vezes. E sempre que revejo 'Noites Escaldantes' fico a pensar no que escrevi. Kathleen Turner foi uma das mulheres mais bonitas dos anos oitenta. Verdade. Lembro-me também de escutar na televisão Carlos Barbosa, nos seus tempos à frente do concurso da Miss Portugal nessa década, dizer que ela, a Kathleen, foi a mulher mais bonita com quem falara na vida. Não me interessa tanto o que ele acha, mas a verdade é que nos anos oitenta a minha reacção à estética feminina era mais sensível à aura angelical e beleza perfeita da Paulina Porizkova do que à beleza imperfeita que carrega um forte apelo sensual. Só nos anos noventa, (dos meus catorze aos vinte e quatro anos), troquei a preferência da dita estética angelical pela sensualidade e o erotismo suado encarnados em Kathleen Turner. Nessa altura compreendi que um glance tem peso de ouro e que um gesto acertado ou um determinado tom de voz podem ser mais pungentes do que um rosto perfeito. A descoberta do Mundo faz-se à medida que crescemos, como se sabe, e o que eu não sabia era que é sempre preferível uma mulher a uma Deusa.

De qualquer forma o bégan por Katheleen durou apenas até aos vinte e três anos, altura em que vi 'As Virgens Suicidas'. A sex-symbol transformara-se na mãe gorda de quatro adolescentes a viver nos subúrbios e a cena milf ainda não estava na moda.

20.9.07

kathleen e os homens



(new) american slang

alpha dog, de nick cassavetes

Shut the fuck up, you' motherfucker dog.

dedicatória aos bravos (4)



Portugal 5-31 Itália
Campeonato do Mundo de Râguebi 2007

Como diz o anúncio, faltou um bocadinho assim. Senão veja-se: 3 ensaios a 1, uma posse de bola de 43% e apenas 6 erros no jogo à mão para 16 dos italianos (ver estatísticas do jogo). Confrontando estes dados há que relembrar que o último jogo com a Selecção Italiana (9ª do ranking), há quase um ano, acabou com uma derrota de 83-0. Ontem houve uma vez mais, portanto, surpresa e euforia no resultado; não tanta como poderia ter causado uma vitória, obviamente - sobretudo porque mostrou-se que tal era possível - mas a suficiente para que a Selecção Portuguesa esteja novamente de Parabéns. Entretanto, Tomaz Morais aponta os erros e reforça a ambição de ganhar à Roménia.

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19.9.07

a arquitectura, o nomadismo e a linguagem universal (3)

a arquitectura, o nomadismo e a linguagem universal (2)

No Génesis, em breves linhas, vem a história da Torre de Babel, esse momento em que Deus criou a diversidade dos idiomas como um castigo à ousadia humana de construir uma torre que chegasse aos céus. A partir daí, a linguagem universal metamorfoseou-se em todos os idiomas do Mundo e os trabalhadores partiram em diferentes direcções, estranhos e incompreensíveis uns aos outros. Mas Borges, auspicioso, na sua 'Biblioteca de Babel' revela o contrário. Na imaginária e complexa estrutura infinita de hexágonos que define a biblioteca estão todos os livros do mundo; e os viajantes que por lá passaram afirmam que não existem dois exemplares iguais. No entanto, e apesar da sua diversidade, há algo comum a todos eles: o espaço, o ponto, a vírgula e as letras do alfabeto. Como tal, se à vontade de Deus Babel representa o caos, a dissemelhança e a incomunicabilidade, paradoxalmente na sua biblioteca encontra-se o elo unificador a todos os homens. Assim, para Borges, a grafia é a retoma da linguagem universal; e a vingança do Homem sobre Deus.

a arquitectura, o nomadismo e a linguagem universal

Depois de assumir um certo nomadismo, dividindo a minha vida entre Barcelona e Nova Iorque e passando temporadas de uma para a outra, dizem-me que tal só é possível - e cito- 'porque a arquitectura é uma linguagem universal'. Não deixa de ser correcto, mas experimente-se estar numa reunião com pessoas de nacionalidades diferentes e na qual se discutam medidas em feet and inches. Aí vê-se que a linguagem universal, afinal, não é igual para todos.

18.9.07

de Elmer Batters a Iga A.

copyright Elmer Batters copyright Elmer Batters

As fotos a Iga A. remetem-me automaticamente para o universo visual de Elmer Batters: uma atmosfera cálida e doméstica na qual os movimentos são captados num acto natural, mesmo quando de pose. Neste conjunto de fotos repescam-se as tendências de um determinado período da história da fotografia erótica. Mas não só: também a mulher voluptuosa (e paradoxalmente algo inocente) é recuperada. A ideia da sofisticada modelo sexy e quase anoréctica é preterida por uma aura feminina de maternidade e ingenuidade. O vintage substitui o trendy. Iga A., mesmo não o sendo, é um bom exemplo do amateur voyeur nos dias de hoje. Relembrando Roland Barthes e a sua definição de punctum numa foto, aqui fica sem dúvida um bom exemplo.

foto



montagem. Ou a ucronia teatral.

dos estados democráticos

Um dos casos mediáticos neste momento aqui por Barcelona é o da libertação, já no próximo Sábado, de J.R. Salvador, conhecido como o Violador de la Vall d'Hebron. Julgado por cerca de quarenta violações foi formalmente acusado de dezasseis e o cômputo final da sua pena estabeleceu-se em 311 anos de prisão. Agora, ao fim de dezasseis anos apenas e não obstante os relatórios dos psicólogos declararem altos riscos de reincidência, a Audiencia de Barcelona decidiu pô-lo em liberdade. A Fiscalía interpôs recurso mas em vão. A Audiencia refuta que o pedido é «impróprio para um estado democrático».

Ah, a democracia.

16.9.07

dedicatória aos bravos (3)



Portugal 13-108 Nova Zelândia
Campeonato do Mundo de Râguebi 2007

Pois é. O resultado foi o esperado, ou talvez um pouco mais do esperado. Tomaz Morais, consciente das diferenças abismais entre as duas equipas, pretendia apenas que os pontos marcados pelos neozelandeses não chegassem aos três dígitos. Não aconteceu; mas tal, quanto a mim, não tem importância nenhuma. Importante, por exemplo, é ganhar à Roménia ou fazer suar os italianos. Já Francisco José Viegas acha que "seis ensaios permitidos em oito minutos é desaforo" e "que foi uma cabazada com placagens falhadas". É verdade; mas disse-o como se o contrário fosse fácil, como se fosse uma luta entre partes iguais e alguém tivesse baixado os braços ou enfiado a cabeça na areia.

Os All Blacks são e serão sempre uma maior referência do râguebi mundial. Não apenas porque são dos melhores, o que é por si só um factor importante, mas também pelo seu lado mítico. A lenda cresceu pela grandeza enquanto equipa mas associado a isso está uma componente exótica, visual: os jogadores 'maoris', o equipamento negro e o célebre 'haka'. Por tudo isto quando era miúdo e fui entrevistado por uma rádio local, sobre o meu primeiro jogo na Selecção, (de juvenis, imagine-se), e me perguntaram qual seria o meu maior sonho enquanto jogador de rugby eu respondi prontamente "jogar com os All Blacks". Não o cumpri, nem nada perto disso, (fiquei-me pelo País de Gales no FIRA 95 de Júniores em Bucareste), mas agora estão os Lobos de certa forma a vivê-lo por mim. Por isso, com os All Blacks, não faz nenhum mal que percam. Mesmo que por muitos. O importante é que estão lá; e a viver o sonho deles.

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15.9.07

a vida no campo



Primeira imagem em Google Images para a busca 'country life'.

10.9.07

já agora

Logo no primeiro minuto de 'Coupe de Grâce' (1976), de Volker Schlöndorff, aparece uma dedicatória do cineasta alemão ao seu maior mestre: Jean-Pierre Melville.

Em 'À Bout de Souffle', (1960), também Godard homenageia Melville dando-lhe a breve interpretação de um célebre escritor.

Jean-Pierre Melville homenageou o seu escritor norte-americano favorito 'adoptando-lhe' o apelido.

Já agora eu, depois de 'Le Samurai' ou de 'Les Doulos', também presto homenagem; e agradeço.

kino



Depois de nomes como Werner Herzog ou Wim Wenders, decore-se este:
Volker Schlöndorff. É (re)descobrir o cinema alemão.

9.9.07

dedicatória aos bravos (2)



Portugal 10-56 Escócia
Campeonato do Mundo de Râguebi 2007
Hoje às 18.00h, St Etienne, França.

Apesar da aparente desigualdade no mostrador o resultado é inspirador. A tradicional e mais que batida selecção escocesa, composta por jogadores profissionais, tem o 11º lugar no ranking mundial e a nossa, composta quase na totalidade por amadores, está em 22º. Assim, e pela exibição, o resultado é um motivo de orgulho. Além disso o que interessa é a garra em campo e os Lobos mostraram-na bem; nunca baixaram os braços. Força Lobos.
(A descrição do jogo aqui).

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graham nickson's (american) landscapes

Red Shirt, 1978-1981 Bather with Outstretched Arms II, 1983

primeiro e depois

Em 'À Bout de Souffle', (1960), de Godard, o cineasta Jean-Pierre Melville tem um pequeno papel-homenagem no qual representa um célebre escritor, Parvulesco. Quando questionado, sobre a sua maior ambição, responde: Primeiro tornar-me imortal; e depois morrer.

du rififi chez les hommes

Rififi, (1955), de Jules Dassin, é um daqueles filmes que vem devagar mas não tanto para que ao fim de meia-hora não percebamos já que estamos diante de algo especial. O argumento é simples, um clássico do noir: Um ex-condenado, Tony le Stephanois, sai da prisão e é-lhe oferecida, pelos seus antigos companheiros, a oportunidade para um novo assalto. Ele aceita e forma a equipa, elabora o plano, estuda o terreno. Ao mesmo tempo encontra a antiga amante, agora ao lado de um gangster de nome Grutter, e cobra-lhe a sua traição. Entretanto o assalto decorre na perfeição e guardam-se as jóias à espera de vendedor. As complicações começam quando um dos elementos do bando oferece um dos anéis roubados à sua amante e esta o faz chegar aos capangas de Grutter. A ambição faz parte da condição humana e a traição também; a guerra começa.

Em Rififi não há ambiguidades. É daquele tipo de filmes que não se esperam - e muito menos se desejam - como poderia dizer Zizek, leituras intelectualizadas e pseudo-sofisticadas. Todos são maus, embora uns dos maus sejam bons; os nossos, pois tomamos automaticamente partido pelo anti-herói Tony le Stephanois e o seu bando de especialistas, com nomes formidáveis como Jo le Suedois ou Cesar le Milanais (o próprio Dassin). Dos momentos especiais do filme destacam-se: a) a cena do assalto que dura cerca de vinte minutos e não há uma única fala ou qualquer acorde de música, (cinco anos mais tarde Jacques Becker talvez se inspire aqui para a sua fuga em 'Le Trou') e b) a cena final com um Le Stephanois moribundo ao volante de um descapotável.

Para finalizar há que referir a aproximação cinematográfica à Nova Vaga que destaca este filme de Dassin do noir típico de Hollywood. Muitas cenas filmadas em exterior, um elenco desconhecido do grande público, a montagem da cena final. Mas no fundo, naturalmente, continua a ser um noir Noir pelas suas personagens e a visão moralista que o crime não compensa. Em jeito de comparação poderá ser um noir com trinta por cento de Nouvelle Vague, por exemplo, e 'À Bout de Souffle', (1960), de Godard, um Nouvelle Vague com trinta por cento de noir. Talvez a comparação só exista por que vi um e seis horas depois revi o outro, caso contrário poderia nunca tê-los associado. Bem provável; e até porque não interessa para nada.

8.9.07

tony le stephanois

Du rififi chez les hommes, (1955, de Jules Dassin

est exact au rendez-vous.

no seu melhor estilo,

e depois do sugestivo subtítulo "o lamentável peso de ser uma divina merda", (em 'Paralax View'), Zizek inicia a reflexão sobre Matrix em 'Lacrimae Rerum' com a seguinte frase: Quando vi 'Matrix' num cinema de bairro na Eslovénia, tive a ocasião de sentar-me ao lado do espectador ideal deste filme, ou seja, de um idiota.

Zizek, o monstro intelectual, faz troça do espanto do espectador e das suas exclamações ingénuas. Mas seguidamente acrescenta que pela sua parte prefere, sem qualquer dúvida, essa apropriação naïf às leituras intelectualizadas e pseudosofisticadas que projectam sobre o filme refinadas distinções conceptuais ou psicanalíticas. Zizek, o monstro intelectual, é um gozão.


A impossibilidade de remakes de filmes de Hitchcock; o pessimismo na obra de Krzysztof Kieslowski; a imagem da mulher, a irracionalidade e a angústia nos trabalhos de Tarkovski e David Lynch; e por último o ciber espaço de Matrix.
Tudo em 282 páginas.

mesmo para o próprio

Apesar de tudo Sergius tinha a noção que ainda existia um pequeno grupo de homens bons e honestos no mundo mas que, inevitavelmente, o mundo tratava sempre de os mandar abaixo. Assim, Sergius, como os Estóicos, manteve-se à parte e aceitou o seu destino.

Entre uma apologia ao Estoicismo ou um disfarçado acto de cobardia a fronteira é muito ténue. Mesmo para o próprio.

what the explanations cover

Ainda em 'The Deer Park', de Mailer, Sergius pergunta a si mesmo:
'But then, who can explain friendship? the explanations cover everything but the necesity'.

6.9.07

o melhor de tudo* (segunda versão)

sophia loren para pirelli
sophia loren para pirelli

Sophia Loren, setenta e três anos, fotografada o ano passado para o calendário Pirelli. Outras das belezas actuais deste calendário eram Naomi Watts e Penelope Cruz. Ambas com metade da idade da italiana.
Sensivelmente metade; em tudo.

(*contrariando Dorothea).

o melhor de tudo; segundo Dorothea

Continuo a leitura de 'The Deer Park' e desta forma o acesso a um fiel retrato da América de Mailer. Na sua galeria de personagens encontramos casos - que chegam a ser estereótipos - como o de Dorothea por exemplo: cantora de clubes nocturnos reformada e com uma reputação algo respeitável, actriz de ocasião, antiga show-girl e provavelmente call-girl também, diziam. Aos dezoito teve um caso com um príncipe europeu do qual teve um filho ilegítimo e anos mais tarde o seu grande romance trágico apareceu na pele de um aviador que morreu posteriormente durante a guerra. Casou três vezes e do último marido disse que se lembra menos dele do que muitos affairs de uma noite. No momento em que o narrador a encontra tem cerca de sessenta anos e vive rodeada de admiradores na sua casa apelidada de 'A Ressaca'. Da experiência sofrida no romance efémero com o aviador nasceu-lhe a máxima que 'o melhor de tudo é quando algo bom não tem tempo para estragar-se'.

mil e cem

quilómetros depois chego finalmente à minha casa de Barcelona. Quer isto dizer que as férias acabaram; em contrapartida tinha à minha espera uma encomenda especial: Rififi (1955), de Jules Dassin, chegara ao mesmo tempo que eu.

1.9.07

'mon oncle'



'Mon Oncle' (1958), de Jacques Tati, é um caso de sucesso de cinema popular. Projectado ao ar-livre numa praça pública em Évora, (onde o vi há três dias), arranca gargalhadas de uma audiência mais do que heterogénea. A comédia visual de Tati, com os seus gags absurdos, o confronto de personagens pitorescas, a recuperação de imagens associadas à infância de cada um e a figura desengonçada de Monsieur Hulot consegue tocar da mesma forma a jovem turista francesa e o senhor idoso do campo. A mensagem subliminar do filme, que denuncia a febre do pós-guerra francês pelo automatismo do quotidiano, mesmo que supérfluo, e pelo life-style americano, parece não interessar a ninguém.

Talvez por isso 'Playtime' (1967) não tivesse tido à época metade do sucesso de este. É que nele Tati faz do seu estandarte exactamente essa alusão ao imaginário colectivo de uma França do pós-guerra em que, para uma grande percentagem da população, o paradigma de vida é o padrão norte-americano. Mas em 'Playtime' Tati vai mais longe. O filme é, por excelência, a grande crítica visual ao Movimento Moderno na arquitectura. A história e a tradição - ou a marca física delas no território - não são mais do que reflexos fugazes nas fachadas de vidro.

três 'frames' pós-modernos





Segundo Norman Denzin.