a arquitectura, o nomadismo e a linguagem universal (2)
No Génesis, em breves linhas, vem a história da Torre de Babel, esse momento em que Deus criou a diversidade dos idiomas como um castigo à ousadia humana de construir uma torre que chegasse aos céus. A partir daí, a linguagem universal metamorfoseou-se em todos os idiomas do Mundo e os trabalhadores partiram em diferentes direcções, estranhos e incompreensíveis uns aos outros. Mas Borges, auspicioso, na sua 'Biblioteca de Babel' revela o contrário. Na imaginária e complexa estrutura infinita de hexágonos que define a biblioteca estão todos os livros do mundo; e os viajantes que por lá passaram afirmam que não existem dois exemplares iguais. No entanto, e apesar da sua diversidade, há algo comum a todos eles: o espaço, o ponto, a vírgula e as letras do alfabeto. Como tal, se à vontade de Deus Babel representa o caos, a dissemelhança e a incomunicabilidade, paradoxalmente na sua biblioteca encontra-se o elo unificador a todos os homens. Assim, para Borges, a grafia é a retoma da linguagem universal; e a vingança do Homem sobre Deus.
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