4.10.07

ainda carver

O que mais me espanta, na coerente consistência das personagens de Carver, é a lucidez (e consequentemente a apatia) que elas retêm na avaliação do momento em que se encontram. O insucesso, o desinteresse, a letargia, a misantropia, a dependência e a amargura renegam-lhes o direito a sonhar e, como tal, claramente se apercebem de que a sua existência, para além de banal, não tem qualquer remédio. Em Carver não há luta ou heroísmos estóicos, há apenas conformismo. E deixar o quotidiano passar.