12.10.07

taxidermia

O francês Roland Barthes, no seu ensaio 'A Câmara Lúcida', diz-nos que a fotografia não é uma representação do real; é o seu duplo perene que acentua a efemeridade do real. É aquilo que nunca mais volta a ser, é o que foi, um duplicado da nossa própria passagem em determinado momento. Depois vai mais longe e correlaciona a fotografia com a Morte, com a transformação do objecto fotografado em espectro, cuja metamorfose o fotógrafo reconhece e teme. O fotógrafo embalsama momentos únicos da nossa existência - a Prova da nossa existência - como se fosse o taxidermista desse 'ter existido', com a diferença que não falseia o interior dos corpos.
Todos os momentos são fugazes e irrepetíveis. A fotografia é eterna, como a Morte.