4.10.07

a virtude e os maus propósitos

A um dado momento, em 'Lacrimae Rerum', Zizek discorre sobre Hitchcock e 'Psico'. Faz uma referência à cena em que Bates (Perkins) limpa exaustiva e minuciosamente o chão depois do crime, evidenciando assim, segundo o filósofo, o carácter obstinado, perfeccionista e virtuoso do assassino. Virtuoso? Sim; e depois explica-se: na máxima de S. Tomás de Aquino, a Virtude (e tudo o que comporta para a alcançar), pode também servir maus propósitos.

O virtuosismo está assim ao alcance de todos e não é apenas, logicamente, uma arma dos homens tementes a Deus. Isto, por si só, já explica muita coisa.