4.11.07



Diane Arbus escreveu um dia que encarava a fotografia como um acto malicioso e que a primeira vez que fotografou sentiu-se perversa. Vinda de uma família da alta burguesia nova-iorquina, procurou através da fotografia o contacto com um mundo real, ou pelo menos um mundo muito diferente do seu círculo protegido. Começou por fotografar catálogos de moda em equipa com o seu marido. Após esse período empenhou-se num projecto fotográfico mais pessoal: o interesse pelos deficientes físicos, por pessoas com anomalias mentais, pelos circos de freaks e ao longo da sua carreira manteve sempre esse interesse em grupos marginalizados pela sociedade. Mais tarde retratou os travestis e os boémios da noite nova-iorquina. Não os fotografava de um modo oculto, disfarçado, aparentemente casual, ou como um acto de voyeurismo, mas fazia-o de uma forma autorizada, encarando os seus 'sujeitos' de frente, onde os próprios assumiam uma postura de pose e desafiante. Fotografou por vezes, saindo do seu objecto de estudo, pessoas ditas normais. Mas buscava sempre o seu lado mais ferino, abjecto. Arbus pertence, a par de Bukowski e Raymond Carver (entre outros), à geração desencantada que deixou de rever-se nos resquícios da Revolução Cultural Americana de Whitman. Os seus trabalhos representam uma visão pessimista da América, uma autocrítica negra e cruel. Em 1971 suicidou-se no seu apartamento na Village. Tinha 48 anos.