eu e a política
A minha relação com a política começou mal, aos oito anos, no dia em que fui com o meu Pai (de esquerda) a uma marcha comemorativa do 25 de Abril. Aparentemente não é nenhum problema - a liberdade deve (e tem) de ser celebrada - mas nesse dia estava de chuva e eu, com um metro de altura e vestido de fato-de-treino, vi-me repentinamente abafado no meio de uma turba de barítonos rurais que cantava a 'Grândola Vila Morena'. A segunda experiência não foi muito melhor: Presidenciais de 1986, comício do Freitas do Amaral em Évora. Levou-me a minha Mãe (de direita) e revejo-me claramente de chapéu de palha panfletário idiota e bandeira azul e amarela agitada ao ilustre senhor desconhecido. Mais tarde, depois de ambos os traumas, pensei que a escapatória estaria ao centro, como a virtude, e por isso mesmo aos vinte anos namorisquei uma militante da Juventude Socialista. Foi um tiro no pé. E a minha definitiva retirada política.
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