27.11.07

my notebook | apontamentos soltos

Há dias em que gosto de enfiar-me num comboio e sair da cidade por umas horas. De comboio, a cidade e as suas sucessivas camadas sentem-se de uma forma explícita e fluída, enquadradas pela janela metálica - como uma sucessão de fotogramas. Do centro da metrópole, com os edifícios sumptuosos em pedra clara, os anúncios de néon vibrante e os ininterruptos fluxos humanos passa-se para um segundo anel, residencial, onde os brownstones e as fachadas de tijolo velho, a par do cinzento do asfalto, predominam a paisagem semidesértica. Depois é o desterro, a cintura industrial abandonada. Antigas fábricas metálicas com longas chaminés, cães vadios, carros abandonados, grupos obscuros. A escala muda - em altura e em densidade - e começa o subúrbio. Centros comerciais com parking lots na cobertura alternam com bairros ortogonais repletos de casas de madeira pintadas em várias cores. E há árvores também; de folhas amarelas, umas, e cor-de-ferrugem, outras. E em vinte minutos chega-se ao campo - o propósito da viagem.