a midnight valium for a good night sleep
Lembro-me daquele bordel no vilarejo ao pé de Bhavnagar. Hotel, dizia a placa, e isso significava uma cama debaixo de um tecto. Da janela do quarto via o reflexo do letreiro encarnado na terra batida da estrada. Deitei-me vestido. Sentia a movimentação no corredor, a gritaria, as putas que corriam com os homens atrás. Riam-se todos; partiam-se copos, ouviam-se choros. Depois o silêncio e a madrugada. E os suores frios que começaram com ela, a cabeça a explodir, a febre alta, o corpo a rebentar. Lembro-me dos dias seguintes que passei na cama do hospital. Septicemia, disseram-me, e eu, sozinho, rezava ao meu Deus desconhecido. Naqueles dias disse o teu nome, contaram-me depois. Como um lamento. Com a certeza que nunca mais te veria. Desenhei as tuas iniciais nas costas da minha mão. Inventei mil anagramas. Lentamente recuperei mas sempre o soube: a minha fuga de ti matara-me pela segunda vez.
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