4.2.08

the Americana

Com a minha popular máquina chinesa formato 6X6 percorro a cidade com as imagens de William Eggleston na cabeça; procuro o que ainda possa haver por aqui que ele viu noutros lugares. Entro em diners, como apple-pies, bebo milk-shakes. Deixo gorjetas debaixo de copos de vidro às cores. Fotografo excêntricos, saltimbancos, anúncios pintados em paredes de tijolo, fachadas com escadas de incêndio ferrugentas, depósitos de água nas coberturas, hotéis, fábricas abandonadas, bombas de gasolina. O dia esvai-se aos poucos; acaba-se a luz. Com a escuridão começa o rodopio de gente de bar em bar. A final da Super Bowl põe milhares na rua. Os bares enchem, a Budweiser esgota e com ela a minha dose de paciência diária para a multidão. Talvez por isso me esconda a seguir no meu boteco chinês favorito, algures na Bayard Street em Chinatown, e pelo caminho assisto à remoção, pela polícia, dos marcos de correio, caixotes do lixo, bancas de jornais; ou seja, de tudo o que nos passeios possa servir como arma de arremesso.

Amanhã, o desfile da vitória dos New York Giants trará para a rua um milhão de pessoas.