25.2.08

nova inglaterra

Se não tivesse sido por uma questão profissional poderia dizer que foi uma influência de Herman Melville, pois, como disse, as aventuras dos seus livros instigam-me a viajar. Arranco na manhã de sexta-feira a caminho de Boston e com a companhia de autocarros Fung Wah, monopólio de Chinatown, faço a viagem de cinco horas. Atravesso os estados de Nova Iorque e Connecticut até chegar a Massachusetts. Ao longo do trajecto perco-me inúmeras vezes na contemplação da paisagem coberta de neve e povoada por esqueletos de árvores escuras. Os arrabaldes industriais junto ao mar, com as suas estruturas de ferro e aço e longas chaminés, chamam a minha atenção mais do que qualquer outra coisa. É esta a Nova Inglaterra de Melville, penso; New Bedford e a ilha de Nantucket não estão longe. A chegada a Boston é feita de noite. Rumo depois para Cambridge, do outro lado do Charles River, e chego finalmente a Harvard, ponto de partida para o fim-de-semana.

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The first time I laid my eyes on P. it was in a winter night at the Harvard Campus. He was wearing a green anorak with a furred hood and fisherman black rubber boots. I also remember that he was walking in a strange and uncomfortable way in the thick snow. Then, without really seeing me, he asked me where de Memorial Hall was. Due the strong wind and the snow flakes in our way I barely understood him, but I pointed through the covered path; and he left like an uneasy duck off-shore.

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Boston e Cambridge possuem o charme de uma América distante no tempo, vitoriana, muito longe do arquétipo da cidade-em-movimento hiper-moderna. Dos bairros do Downtown e do porto de Boston ao Campus da Universidade de Harvard e às suas áreas residenciais com casas de madeira cobertas de neve, tudo se assemelha a um anacronismo quando comparado com a América actual. Boston, em parte, parou no tempo. O que é muito bom.