20.4.08

as pessoas, os cães, os cães e as pessoas

Escrevo estas linhas do banco de jardim de Tompkins Square Park, ao lado de casa, e agradeço as vantagens de uma cidade wireless. Os primeiros dias de Primavera trouxeram para a rua todos os nova-iorquinos. O parque está sobrelotado com pessoas dos mais variados géneros e cães das mais absurdas raças. Passam por mim personagens características da zona, como o porto-riquenho da bicicleta de vinte buzinas, o bêbado da rasta até ao joelho e a velhota dos oito cães. Os miúdos revivalistas dos anos oitenta ocupam uns bancos ao lado do meu e no seu rádio de pilhas tocam êxitos dos Duran Duran, Spandau Ballet, Billy Idol e das Banshees. Trazemos óculos iguais, reparo, esses clássicos wayfarer negros; os deles novos e os meus dos tempos de adolescente quando eles ainda usavam fraldas. Na esquina dois tipos tocam saxofone e um bulldog com uma gravata ao pescoço (ou naquilo que parece ser o pescoço de um cão que desde o século XIX não tem pescoço) recolhe dinheiro aos ouvintes numa cesta presa ao focinho. As árvores estão em flor e essas coisas todas que há para dizer e tal. E sim senhora, tem tudo muita piada, mas agora vou para casa porque as alergias não me deixam parar de espirrar.