

Desde que um livro seu me caiu nas mãos que tem sido uma das interessantes descobertas locais. Refiro-me a Jessica Dimmock. Foto-reportagem clássica, como convém, sem o carácter mediático do fotojornalismo ou o cuidado exigido à Fine Art Photography. O trabalho de Dimmock é como os próprios assuntos que aborda: há sujidade, movimento, abandono, escuridão e um rasgo de pessimismo, esse legado tão característico da escola Arbusiana.
E se notamos, pelo tema, esta óbvia referência clássica norte-americana, também as contemporâneas são perceptíveis: de James Nachtwey a Mary Ellen Mark, passando por gurus do género que Dimmock tende a explorar como Nan Goldin ou Boris Mikhailov. Na sua (até agora) breve carreira o elemento comum (ou a tendência do género) é o interesse em faixas marginais da sociedade — dos junkies de 'Ninth Floor' aos travestis nepaleses. Nos trabalhos anteriores compreende-se que Dimmock ainda buscava o seu tema de fundo, focando-se (ou perdendo-se) em detalhes que resultam como dados supérfluos à narrativa visual.
Paralelamente ao seu fascínio pela marginalidade há uma intenção de registo pelos ritos transformativos dos seus intervenientes, seja através da representação ou mesmo da autodestruição. E uma vez mais podemos claramente falar de referências, como a de Cindy Sherman em 'Anna, a go-go dancer'.
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