23.4.08

'o sexo e a cidade'

Se começou por ser um reflexo de um determinado grupo, retratando fielmente as idiossincrasias de um padrão social encaixado no Espaço & Tempo, com os anos tornou-se num case-study e posteriormente num exemplo a larga escala. A heterogeneidade física e psicológica das personagens é unida pela sua homogeneidade social —o estrato é o mesmo. E com base neste pressuposto é muito interessante ver como os diversos estratos sociais reagiram à adaptação da ficção. Em NY, há claramente nos grupos femininos uma inconsciente (ou não) tendência para a identificação com uma das quatro protagonistas; ou pelo menos uma aproximação.

**

Assim, é dito que ‘Sex and the City’ funciona como uma ferramenta de estudo antropológico: primeiramente pela fidelidade do modelo na análise da realidade e posteriormente pela capacidade do próprio modelo ficcional em redefinir e moldar o entorno real, ou seja, um ciclo de uma realidade passada transformada em ficção que por sua vez influencia uma realidade futura. Por isso, apesar do hiato entre ambos a vários níveis, 'Sex and the City' está para a televisão nos anos noventa como por exemplo o neo-realismo italiano está para o cinema no período do pós-guerra. São produtos de estudo de uma apurada observação e crítica social e que nos chegam, enquanto espectadores, na forma de entretenimento.
Seja heavy ou light.

**

Não é Malinowski, dirão os puristas, mas para os dias de hoje serve.