16.4.08

o exercício

"Tire o texto e repare no que fica. Não há nada mais na TV. Quando vejo televisão faço-o sem som. Sem som vêem-se os gestos, vêem-se as rotinas das jornalistas e dos apresentadores, vê-se uma mulher que não mostra as pernas, move os lábios, faz a mesma coisa repetidamente e ocasionalmente é interrompida pela chamada reportagem no local. Ela será a mesma amanhã, apenas o texto será diferente."

Godard, numa entrevista em 2000, na qual mais à frente se pode ler que nunca compreendeu por que 'Le Mépris' é tão apreciado. Eu também não, mas arrisco que talvez o seja pelo 'Brevemente neste ecrã, a mulher, o homem, Itália, o cinema —com Brigitte Bardot e Michel Piccoli— o Alfa-Romeo, o musical, a estátua grega, o revólver —o novo filme tradicional de Jean-Luc Godard— a chapada, o quarto, o beijo, a casa-de-banho —com Jack Palance, Georgia Moll e Fritz Lang— o louco, a estrela, o ancião, o mar —baseado num romance de Alberto Moravia— a ternura, a vingança, as carícias, o sofrimento —filmado com toda a magia de FranceScope e Technicolor— a escada, o passeio, o livro, o barco, uma trágica história de amor num cenário maravilhoso, as disputas, o sol, a traição, a morte, uma maravilhosa história de amor num cenário trágico, o amor, a obscuridade, os mal-entendidos, a beleza fatal, fatal.'

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A Casa, acrescenta o jmac. Sim, sem dúvida a casa.