19.5.08

do teatro

A relação começou nos finais dos anos setenta, onde eu, ainda miúdo, assistia aos ensaios-gerais no Teatro Garcia de Resende. Os camarins, o guarda-roupa, o pano-de-boca e acima de tudo os secretos mecanismos da caixa-de-palco eram o meu terreno de aventura. Dramaturgos como Demarcy, Goldoni, Weiss, Marivaux ou Brecht faziam parte da linguagem doméstica e o nervosismo lá em casa em noites de estreia e a sala de laivos barrocos cheia de adultos povoam as minhas primeiras memórias. Um longo hiato depois disso. O reencontro deu-se precisamente com Pinter, entre outros, pelos Artistas Unidos anos e anos mais tarde.

Tento agora, lentamente, a minha reaproximação ao teatro. Como o filho pródigo de regresso a casa. Mas entretanto nele ou em mim algo mudou; ou muito provavelmente nos dois. E o embate não é leal.