11.5.08

wall pattern

Percorro a cidade; as livrarias dos museus, os alfarrabistas de bairro, os quiosques de revistas internacionais e termino o dia a folhear o Sunday NYTimes. Tenho mais vinte novos postais e recortes para a minha parede-colagem. É um daqueles tiques, onde quer que esteja tenho de ter uma. Colo lá de tudo: programas do Pordenone Silent Film Festival e a sequência de polaroids que fiz em Coney Island; postais de cinema: do 'Mamma Roma' do Pasolini ao 'Iron Horse' do John Ford; recortes de jornais em halftone e fotografias de Kanemura e Sugimoto.

As imagens amontoam-se dia após dia; mas mesmo assim em nada comparáveis às colecções de Diane Arbus ou de Walker Evans —ambas descobertas em edições sobre as suas vidas e trabalhos não editados onde os títulos explicam tudo: 'Revelations' (a de Arbus), 'Unclassified' (a de Evans).

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Comparo as composições —as deles e a minha— abrindo os dois livros ao mesmo tempo para rever as fotografias das suas paredes-colagem e cadernos de arquivo de imagens coleccionáveis. Condenados, cadeiras eléctricas, freaks, gémeos, assassinos-procurados, pin-up girls, manuscritos. Tudo na parede de Arbus. Nos cadernos de Evans as imagens de políticos e de trajes africanos e orientais predominam os temas. Mas também há fotos de linchamentos, máscaras de gás e outra vez as cadeiras eléctricas e os assassinos-procurados que resultam nos elementos comuns a ambos. Depois releio alguns textos e apercebo-me o quão próximos estavam os dois um do outro nas suas visões quase diametralmente opostas do mundo.

Seguidamente colo na parede uma série a preto-e-branco de máscaras de gás digitalizada dos arquivos de Evans. Estou confuso, parece-me mórbida; talvez a retire amanhã de manhã e ela venha parar a este blogue. Pode ser que aqui fique mais a condizer. Mas duvido.