26.6.08

nomadismos globalização

Nos últimos anos mudei três vezes de país, três vezes de cidade e dentro das cidades várias vezes de vizinhança. Em Barcelona vivi no Born e depois na Gràcia, bairro do qual não saía por semanas a fio; por aqui já estive pelo Harlem, que valia pela espelunca de jazz à noite e pelo frango frito da 125th Street ao Domingo depois da missa; pelo Upper West, onde a ligação espontânea ao Central Park e ao Lincoln Center me distraíam pelo Inverno; pelo Lower East e pela East Village, de longe as minhas áreas favoritas desta cidade — carregadas de happening, cosmopolitismo e ecletismo, possuem também a calma das noites europeias de Verão.

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Por isso, agora que passou um ano, é curioso constatar que o que mais me agrada em NY é exactamente aquilo que possui características semelhantes ao meu próprio background enquanto europeu. Não suporto Times Square —coisa abjecta que Baudrillard poderia classificar como hiper-realidade— tal como não suporto o Financial District, o melhor exemplo de selva urbana do Mundo. Mas toda a Village (East-West) me encanta nesta altura do ano. Tem um charme muito próprio; em parte devido à sua reconhecida fama avant-garde (para turista ver), mas a verdade é que se encontram por lá momentos de hedonismo que relembram por exemplo alguns quartiers de Paris. Depois também há Williamsburg, em Brooklyn, mas isso já é outra história.