18.6.08

o 'carácter destrutivo'

Walter Benjamin descreve aquilo que será um carácter destrutivo. Não sei se quando escreveu o texto tinha alguém muito específico em mente —ou talvez esse alguém fosse ele— mas há por esse carácter, da parte de Benjamin, uma relação de adoração e desprezo; sentimentos que facilmente podemos nutrir por nos próprios (veja-se Hemingway por exemplo). Por vezes enaltece a independência social, a capacidade de decisão e o paradoxal optimismo dentro da esfera destrutiva, a par da liberdade, mas por vezes critica o egoísmo, o desinteresse e o pessimismo assumido (que, convenhamos, será a coisa mais natural a um carácter do género).

Ressalta que o Carácter Destrutivo tem a consciência do Homem Histórico, cuja mais profunda emoção é uma insuperável desconfiança do decorrer dos eventos e uma predisposição em todos os momentos de como tudo pode acabar mal. Depois termina explicando que o Carácter Destrutivo vive pela ideia de que embora a vida não seja digna de ser vivida, o suicídio não vale seguramente o esforço de ser cometido.

Walter Benjamin suicidou-se nos Pirenéus espanhóis em Setembro de 1940.