29.7.08

ainda sobre o cinema de kobayashi; a consciência social

A visualização de 'Ningen no Joken' ('A Condição Humana', 1959/61), épico de quase dez horas dividido em três partes, vem reforçar as impressões que tinha já sobre o cinema de Masaki Kobayashi. Contudo pareceu-me agora que para o cineasta, na 'Condição Humana', o sacrifício não é apenas um "discreto fio condutor" mas sim o mote. Alcançar a justiça e a honra é uma necessidade absoluta e imprescindível e o Sacrifício o único meio para o fazer.

Kobayashi, que como muitos outros na ressaca do neo-realismo italiano entendeu (e utilizava) o cinema como um veículo de crítica social, serviu seis anos no Exército Imperial Japonês, período do qual revela que despertou e afiou a sua consciência social. Recusou nesses anos qualquer promoção — mesmo durante a Segunda Guerra Mundial, na qual esteve sempre ao lado dos seus camaradas de trincheira. Em tal acto denunciou a brutalidade e a crueldade dos oficiais e o seu desprezo pela vida humana. E se por um lado aponta essa crueldade daqueles a que chamou os fascistas japoneses, por outro lado também não poupou o extremo dos socialistas soviéticos, mostrando que o ódio, o desprezo e a desumanidade, tal como em campos opostos o estoicismo e o sacrifício, fazem todos parte da condição humana.