a midnight valium for a good night sleep
Esperava-te à porta das UN e na iminência da chuva corremos agarrados para a cobertura do Beekman. Com a vista da Queensboro Bridge e das árvores da Rooselvelt Island camufladas pelo denso nevoeiro falámos pela primeira vez do futuro. Não do teu ou do meu, que nos soaria sempre a um reflexo insignificante da disfarçada culpa burguesa, mas do das sombras que passavam pelas janelas dos edifícios em frente. De como falando do seu futuro lhes demos um passado; vidas e nomes a manchas solitárias que se sentiam por detrás das fachadas de vidro. E só depois de essa jogada esquiva e de outro gin tónico falámos de ti e de mim: de duas pessoas das quais uma não acredita em nada até prova em contrário e de outra que até prova em contrário acredita em tudo. Foi exactamente naquele princípio de noite chuvosa de Verão que encontrei em ti a minha antítese. E talvez o meu equilíbrio.
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