16.8.08

a objectividade da subjectividade

Depois de uma viagem de sete horas, num autocarro da Greyhound a caminho de Montréal, barraram-me na fronteira a entrada no Canadá. Baralhado, aleguei que segundo o Canada Immigration and Visa Center Portugal não faz parte dos países cujos cidadãos necessitam de um visto para entrar como turistas. A entrada é um Direito, acrescentei. Explicaram-me então que direito têm os cidadãos canadianos e o que eu tenho, sendo português ou não, é apenas a possibilidade. No meio de tanta reflexão semântica pedi-lhes o motivo da recusa. "Incerteza de readmissão nos EUA à volta" e o facto de "não ter hotel marcado, nem um voo de regresso para qualquer sítio, nem contactos sociais no país sugere errância por tempo indefinido". Pode ser tudo verdade, respondi, mas a isso chama-se liberdade pessoal. A funcionária, numa análise subjectiva disfarçada de objectividade, assim não entendeu e dez minutos depois estava eu num táxi de regresso à fronteira norte-americana; coisa que ao menos pagaram eles.

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Uma vez que não entrei no país, pouco ou nada tenho a dizer sobre ele. Excepto que na alfândega, a funcionária antipática e trombuda era feia como uma noite de trovões mas a simpática e sorridente era gira que se fartava. Assim, a minha impressão do Canadá foi Universal: funcionárias mal-comidas e indigestas são iguais em todo o lado.

Claro que também estou a subjectivar. Mas agora é a minha vez.