election night
A um dado momento da noite meti-me num táxi e subi, ladeado pelo Hudson River, as cento e trinta e tal ruas que me separavam da minha espelunca favorita de jazz no Harlem. Nos vinte minutos da viagem pela auto-estrada deserta via apenas as luzes do lado de Jersey, os estranhos reflexos por elas criados nas águas de um rio escuro e a passagem ocasional de algum carro na faixa contrária. Na rádio passavam de novo os discursos, o de McCain, o Homem, e o de Obama, o Messias. As palavras de ambos voltavam a encher-me a cabeça, mas agora de uma forma distante, algo ausente. Nesse momento apercebi-me que há muito tempo não encontrava tamanha quietude neste descomunal e denso contexto urbano, deixando assim os pensamentos fluírem sem rumo pela janela semi-aberta.
No Harlem, por sua vez, a euforia já enchera as ruas horas antes. Quando desci os quatro degraus e entrei no bar despertei finalmente da viagem letárgica. Músicos e espectadores juntavam-se no palco — que na verdade nem em tempos idos teve fronteiras muito definidas — e cantavam em uníssono Obama, Obama num tom de reminiscências tribais. Apesar de por aquela altura já ter passado um bom bocado da uma da manhã, a festa estava apenas a começar.
No Harlem, por sua vez, a euforia já enchera as ruas horas antes. Quando desci os quatro degraus e entrei no bar despertei finalmente da viagem letárgica. Músicos e espectadores juntavam-se no palco — que na verdade nem em tempos idos teve fronteiras muito definidas — e cantavam em uníssono Obama, Obama num tom de reminiscências tribais. Apesar de por aquela altura já ter passado um bom bocado da uma da manhã, a festa estava apenas a começar.
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