21.11.08

dos planos

O Estado de Nova Iorque alerta constantemente, ou aconselha, as pessoas que residem no seu território a criarem um plano de emergência familiar para usar em caso de catástrofe. O conselho é razoável pois é fácil imaginar o caos —devido a terramoto, terrorismo ou qualquer outro cataclismo— que o colapso das infrastruturas de telecomunicações e transportes pode causar. Esse plano é baseado nesta presunção; nesta alta probabilidade de que todos os meios que normalmente dispomos não funcionam: metro, autocarros, telefones e internet.

Naqueles tempos de início de Primavera combinámos o nosso plano de fuga em tempos de caos. A rota seria por terra, para o lado da vastidão da grande paisagem americana —o lado de Jersey— e não para a península de Long Island encurralada pelo mar. Estudámos o mapa e por fim escolhemos como ponto de encontro fixo em remoto dia de Inferno a extremidade do lado de lá da George Washington Bridge, a uma distância de quatro horas a pé do centro da cidade. O primeiro a chegar espera, disse eu; no matter what. Eu não espero, respondeu-me ela; no matter what.

Os dias passaram e lentamente esquecemos o plano. O caos da incomunicabilidade, afinal, já estava presente e não havia nada mais a fazer. Umas semanas depois esquecemo-nos um do outro.