dos livros
Há quase dois anos, antes de ir, deixei umas dezenas de livros na minha casa de Barcelona. Depois, do outro lado do Atlântico, acabei por deixar a casa também. Durante este tempo eles continuaram por cá, não tão longínquas terras catalãs, armazenados em caixotes de papelão povoando ligeiramente as minhas preocupações. Recupero-os agora e penso nas palavras que uma noite escutei: os livros que lemos em determinada altura são mais do que apenas livros, são igualmente diários — ou em última análise serão provocadores de registos mentais — de outras e muitas coisas que não vêm nas suas páginas. Penso nisso, este momento ao folheá-los. Registos de uma música específica que por aqueles dias se escutava on repeat, de uma característica luz que invadia a sala, de uma reacção alheia provocada por uma citação. Os livros, por dentro e por fora, são mesmo uma parte de nós.
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