20.2.09

el señor Monclús

Depois de quase dois anos, período durante o qual entreguei a complexidade do meu cabelo encaracolado à habilidade de uma matrona russa, cinquentona e bebedora de vodka nas horas de serviço na barber-shop da Metropolitan Ave, regressei hoje ao senhor Monclús, barbeiro no Barrio Gòtic e filósofo nas artes capilares e da psicologia feminina. A conversa, naturalmente muita como é apanágio da sua classe, versou sobre temas como a América, Obama, o penteado de Obama, Bush, o pentado de Bush e o porquê das traições de mulheres casadas com o melhor amigo dos maridos. Só depois, ao sair da barbearia e parar diante da vitrina da chapelaria do carrer d'Avinyó, estudei calmamente o meu reflexo e tentei perceber mais uma vez porque continuo a ir ao senhor Monclús. Pela conversa, parece-me; talvez apenas pela conversa, pois no que toca ao corte de cabelo é sempre e inevitavelmente para esquecer.

Enfim, como eu gostaria de ter o cabelo parecido ao do Dana Andrews. Seria tudo muito mais fácil.