9.3.09

copyright image: Larry Clark, from 'Tulsa'

Enquanto cineasta, as preocupações de Larry Clark nos anos noventa centravam-se maioritariamente nos reflexos de uma sociedade densa, urbana, agressiva e alienada nos adolescentes. Sendo a adolescência um marco transformativo, iniciático e experimental, Clark debruçou-se sobre a procura da identidade sexual, o uso de drogas, a violência física, a vulnerabilidade psicológica e a erosão do núcleo familiar neste período. Com base nesta abordagem, para uma melhor compreensão da obra cinematográfica de Larry Clark há que ir mais atrás no tempo e começar duas décadas antes pela fotográfica. Embora sendo duas perspectivas diferenciadas, as suas publicações 'Tulsa' [na imagem] (1971) e 'Teenage Lust' (1983) antecipavam já aquilo que viria a ser a sua temática no cinema. Em 'Teenage Lust', Clark joga com imagens intimistas e explícitas de um universo adolescente e errático —algumas delas visualmente re-interpretadas nos seus filmes. Porém, é 'Tulsa' o trabalho magno e original do norte-americano. Neste livro Clark revela um quotidiano de drogas duras, sexo colectivo e armas-de-fogo de um grupo de jovens adultos na provinciana cidade de Tulsa, Oklahoma. Um conjunto de imagens cruas que detém uma particularidade: Clark, sendo o fotógrafo, é igualmente uma das suas próprias personagens. Desta forma abriu as portas para um novo método de documentário fotográfico pós-moderno, urbano, decadente, marginal e íntimo no qual o autor faz igualmente parte do objecto de registo. Depois dele vieram Nan Goldin, Boris Mikhailov ou a recente Jessica Dimock.