das mulheres de choderlos de laclos
Falando de manifestos da emancipação feminina pela mão de homens não podemos deixar de lembrar Choderlos de Laclos. O escritor francês, autor do conhecido puzzle libertino 'As Ligações Perigosas', produziu no ano 1783 um ensaio (e antes disso um breve discurso) sobre a educação das mulheres. Tamanha teorização deveu-se ao facto de a Academia de Chalons-sur-Marne ter lançado um concurso, reflectindo o zeitgeist Iluminista, que questionava os intelectuais sobre "quais os melhores meios de aperfeiçoar a educação das mulheres?". Laclos, homem de armas e de letras, respondeu.
Primeiramente, no discurso, afirma suportado pelo seu silogismo 'onde existe escravatura não pode haver educação: em todas as sociedades as mulheres são escravas; portanto, a mulher social não é susceptível de educação' que não há assim nenhum meio de aperfeiçoar a educação das mulheres. Ou seja, tal não será possível enquanto a mulher estiver subjugada ao poder masculino. Por isso mesmo apela para que não se deixem "iludir por promessas enganadoras ou o socorro dos homens", pois, da parte destes, não há verdadeiramente qualquer intenção de transformação. Laclos foi peremptório: só se escapa à escravatura com uma grande revolução.
Meses mais tarde retoma o assunto do discurso e escreve o ensaio "Das Mulheres e da sua Educação", no qual contrapõe, numa influência nostálgica e rousseauniana, as vantagens da «mulher natural» perante a «mulher social». A liberdade, o poder e a felicidade foram retirados às mulheres pela Sociedade, pois os "homens pretenderam tudo aperfeiçoar e tudo corromperam". Mas Laclos não deixa de ser uma vítima dos seus tempos. No último capítulo, dissertando sobre beleza e conduta femininas, remete a mulher para uma esfera familiar e privada, acentuando acima de tudo e contraditoriamente o seu papel de objecto.
No final, o que conta é a intenção. Laclos pelo menos tentou.
Primeiramente, no discurso, afirma suportado pelo seu silogismo 'onde existe escravatura não pode haver educação: em todas as sociedades as mulheres são escravas; portanto, a mulher social não é susceptível de educação' que não há assim nenhum meio de aperfeiçoar a educação das mulheres. Ou seja, tal não será possível enquanto a mulher estiver subjugada ao poder masculino. Por isso mesmo apela para que não se deixem "iludir por promessas enganadoras ou o socorro dos homens", pois, da parte destes, não há verdadeiramente qualquer intenção de transformação. Laclos foi peremptório: só se escapa à escravatura com uma grande revolução.
Meses mais tarde retoma o assunto do discurso e escreve o ensaio "Das Mulheres e da sua Educação", no qual contrapõe, numa influência nostálgica e rousseauniana, as vantagens da «mulher natural» perante a «mulher social». A liberdade, o poder e a felicidade foram retirados às mulheres pela Sociedade, pois os "homens pretenderam tudo aperfeiçoar e tudo corromperam". Mas Laclos não deixa de ser uma vítima dos seus tempos. No último capítulo, dissertando sobre beleza e conduta femininas, remete a mulher para uma esfera familiar e privada, acentuando acima de tudo e contraditoriamente o seu papel de objecto.
No final, o que conta é a intenção. Laclos pelo menos tentou.
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