de 'play it as it lays'
Embora inicialmente tenha sido mais receptivo a alguma influência de 'Play it as it Lays' (1970) nas gerações posteriores (leia-se em Bret Easton Ellis) do que àquelas a que Joan Didion esteve sujeita, vejo agora, quase completada a leitura, que são as últimas as mais marcantes. Mas não só. Na construção do mundo envolvente da sua personagem principal —Maria ("that is pronounced Mar-eye-ah")— estão presentes os resquícios da catarse colectiva da Lost Generation: uma certa desacreditação moral aliada à perda da Fé do legado judaico-cristão. A vulnerabilidade emocional da protagonista nasce (em parte) desta consciência intrínseca de que a batalha estará sempre perdida. Mas se esta influência é sentida apenas nas entrelinhas, mais notória e visível é uma outra que guardo ainda como uma referência maior da ficção norte-americana do pós-guerra: 'The Deer Park' (1955) de Norman Mailer. São múltiplos os fragmentos visuais de 'Play it as it Lays' que remontam para os cenários do romance de Mailer. O social, para começar, no qual as personagens se movimentam igualmente no pouco escrupuloso meio da movie industrie. Mas igualmente o paisagístico que contrapõe a aridez do deserto à metrópole urbana, complexa e dispersa. Tal como em Mailer, também este contexto físico funciona como uma analogia às questões sentimentais e afectivas.
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