15.7.09

dos caprichos

Na sua peça 'The Father', ('Fadren', 1887), o neurótico-depressivo Strindberg é peremptório: Love between a man and a woman is war. Tal e qual qualquer outra guerra, a dos Sexos tão-pouco parte de um ponto de vista comum entre os intervenientes mas de uma clivagem. Por território (físico e emocional), poder ou razão. É assim justo dizer que ela não existe verdadeiramente entre homens e mulheres similares; ou se existe, como alguns o fazem passar, então será anódina e insípida; de fachada. Se olharmos para esta nova forma de guerra, criada pela Modernidade e moldada pela burguesia, compreendemos que o impacto entre aqueles que nela intervêm será proporcional ao quão antagónicos eles próprios o forem. Não que o sejam em tudo, porque nunca são, mas convém sê-lo em algo. Assim, podemos dizer que os contrastes, sejam económicos, morais, educacionais — de carácter ou carteira — são fundamentais para esta construção bélica, sobretudo se neles se produzirem dois extremos que de tão distantes acabam, como sabemos, por tocar-se. Desta forma chegamos de novo à frase a Guerra dos Sexos não existe verdadeiramente entre homens e mulheres similares. Correcto. Ela existe, isso sim, entre homens e mulheres cujas diferenças fundamentais são tão contrastantes que nos seus extremos chegam a parecer similares. Mas não o são. Caso contrario não é guerra, é apenas capricho.

Em Strindberg nunca foi guerra.