30.9.09

hyper-modernity, say it again

A hipermodernidade de Lipovetsky por aqui tão badalada torna-se ano para ano cada vez mais evidente. Permite coisas sociais extraordinárias — e ao dizermos coisas queremos dizer transformações, metas e meta-transformações — como por exemplo eu estar na casa dos trinta e ter uma mãe que vai de Erasmus. Depois, nesta hipermodernidade, hei-de ser eu a ir visitá-la à sua casa de estudante em Florença, (creio), perguntar-lhe se os vizinhos são sossegados e se a área é segura. Se precisa de tupperwares novos ou de algum edredão, se tem pimenteiro ou talheres de sobremesa. Haveremos de ir a um Ikea italiano comprar as chamadas coisas básicas para o lar, efeitos de uma propaganda igualmente hiper-moderna. Já cá, hei-de telefonar a saber se está tudo bem e oferecer-me para alguma responsabilidade acrescida como ir pagar a internet, luz ou alguma quota em vias de atraso. E hei-de, sobretudo, perguntar pelas notas, sempre muito reflectivo na resposta rápida ouvida pelo outro lado do telefone.

Não há dúvida de que se eu pensava que o cúmulo da hipermodernidade era viver em Nova Iorque por estar a viver em Nova Iorque, isto prova que estava bem enganado. Uma mãe em Erasmus é bem mais hiper-moderno.