4.9.09

on a daily basis

Antes de Carver escrever aquilo que faz com que conheçamos realmente Carver, como por exemplo 'Cathedral' ou 'What We Talk About When We Talk About Love', há um conjunto de textos publicados sob o título 'Will you please be quiet, please?', de 1976. Nele, o autor norte-americano faz já uma incursão ao seu universo carregado de banalidade e vulgaridade quotidianas, desvendando igualmente o prenúncio daquilo que viriam a ser as suas personagens apáticas, desiludidas e pós-modernas num clima de aparente ameaça inconclusiva. Mas Carver estava ainda em formação — apetece dizer em metáfora e em inglês: Carver was still being carved — e debruça-se sobre episódios não tão banais; ou, indo mais longe, paranormais. Comparativamente ao que viriam a ser no futuro. Não obstante, deverá referir-se o seguinte: a «paranormalidade» de Carver não será a «parapsicológica» e espiritual cunhada pelos sensacionalistas dos finais do século XIX. É apenas algo para lá da normalidade. Porque, por vezes, a normalidade também se ultrapassa a si própria. Carver mostrou sabê-lo muito bem.