portrait of the artist as a young farmer
Antoinette Quinn descreveu Patrick Kavanagh (1904-1967) como um homem cativante para os amigos e um monstro para os que deliberadamente repudiava. Diz ainda que a sua rudez se tornou legendária. Na verdade, foram algumas as batalhas travadas por Kavanagh: o desprezo pela elite literária de Dublin; e a aversão à falsidade do Literary Revival de John Synge e W. B. Yeats, afirmando que escritores de ascendência Protestante eram exteriores à consciência global da identidade irlandesa; não eram — ao contrário de si, católico e campesino tornado poeta — a voz do povo. Kavanagh era algo novo e genuíno para o círculo intelectual da capital e procurou sempre acentuar essa diferença com os demais escritores, geralmente pertencentes a uma burguesia bem vestida e comportada. Levou uma vida precária a todos os níveis; bebeu, insultou, apostou e acima de tudo provocou. Não obstante, devido ao realismo social da sua poesia inicial denunciante das condições da vida rural, desde cedo o seu talento foi reconhecido, tendo mais tarde recebido o epíteto de o Maior Poeta Irlandês desde Yeats. Mas o «maior» depois de alguém não é mais do que o «segundo». Não acredito que para Kavanagh isso tenha sido suficiente.
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