16.12.09

according to mr. yates

Voltando a Yates, por uma outra razão, comprovo que a solidão em 'Eleven Kinds of Loneliness' nunca é francamente declarada. É, no entanto, dada de bandeja para quem queira ler nas entrelinhas. Na sua maioria, Yates foge aos estereótipos das figuras frágeis, desprotegidas e sós. Procura não cair no lugar-comum de associar a solidão ao abandono, à incapacidade ou ao isolamento. Ao contrário, coloca na sua definição personagens que pertençam a uma estrutura de relações sociais e com responsabilidades e interacções perante terceiros. Sabe que a solidão não se manifesta em seres solitários. Estes tendencialmente já o são por natureza; como se sê-lo fosse uma condição, ao passo que a solidão seria uma condicionante. O solitário afasta-se, renega e a solidão pode por sua vez ser precisamente o resultado de um afastamento e renegação mas por outras partes da equação, ou seja, os outros. Yates compreendeu que ser solitário não é «estar só» e quem não está só pode «sofrer de solidão». E convém ainda acrescentar que, segundo ele, há onze tipos de ela.