23.1.10

berlin-lissabona

Um voo Berlim-Lisboa pode ser particularmente interessante. A neve quase permanente típica da estação transporta os carrancudos rostos dos passageiros para dentro do avião no qual algumas senhoras, com estranhos e coloridos penteados, se empanturram com torrão e cerveja preta que trazem em sacos de plástico da free-shop. Quase todas, a viajar sozinhas ou em grupo, debruçam-se sobre livros com o título 'Lissabona', repleto de imagens curiosas como a do Galo de Barcelos, símbolo nacional vítima de trasladação geográfica e acto de propaganda, que elas irão encontrar em todas as esquinas da Baixa Pombalina e do centro histórico de Sintra. Será exactamente nesses sítios, juntando ainda a Rua do Norte, que provavelmente as voltaremos a encontrar. Por essa altura os ares pesarosos terão desaparecido e apresentarão sorrisos semi-embriagados; estarão radiosas e radiantes. É neste momento que ficamos a tentar perceber o responsável por tamanha transformação, questionando-nos se será o clima, o fado, o tinto ou até — e porque não — o encanto latino.