28.2.10

fim de semana com kieslowski

O fio condutor das três narrativas de 'Trois Couleurs', [Bleu, Blanc et Rouge] (1993/4) de Krzysztof Kieslowski, ultrapassa o óbvio da traição amorosa em contornos distintos: a descoberta póstuma em 'Bleu', a humilhação física em 'Blanc' e a angústia do passado em 'Rouge'. Em todas elas há um desencantamento generalizado da parte de um dos protagonistas que compõem a história; da parte dos traídos, como seria de esperar. O jogo de Kieslowski começa exactamente no confronto de estas personagens desiludidas, descrentes e amarguradas com outras igualmente decepcionadas mas ainda com uma reconhecida capacidade de resistência. Neste frente-a-frente, por vezes chantagista, por vezes provocador, voltam a recuperar inconscientemente o ânimo e a vontade: seja pela benevolência, pela vingança ou pela expiação. A catarse, ensina-nos Kieslowski, é também camaleónica e multifacetada.