the heart is a lonely hunter
Escrever um livro assim aos vinte e três anos revela uma maturidade fora do comum para a idade. Ao nível da capacidade de observação e posterior definição de caracteres e sentimentos, sem dúvida, mas igualmente do conhecimento (porventura instintivo) dos mecanismos que compõem uma narrativa. Chamaram-lhe faulkneriana — epíteto também utilizado décadas mais tarde pela crítica norte-americana para descrever António Lobo Antunes — embora em Carson McCullers tamanha comparação tenha tanto de lógico como de redutor. Um facilitismo, parece-me, derivado apenas por uma condição geográfica específica. Obviamente que encontramos muitas das características da obra de Faulkner, ('The Sound and the Fury' saíra em 1929), mas entre um obrigatório olhar sobre o Sul — a presença de Deus, da família e do conservadorismo, a relação entre raças branca e negra, os sotaques fortes — e a fragmentação na narrativa por diferentes pontos de observação, 'The Heart is a Lonely Hunter', ainda inscrito no particular Southern Gothic, é um outro método. Mais cândido e enfeitado, inocente e floreado. Girlish, so to speak, com alguma sujidade visceral à mistura. Nas emoções.
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