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Andrews não vê Laura, vê uma representação de Laura. Esta representação é simultaneamente a projecção de um ideal — Laura é perfeita em todos os seus aspectos — e de um desejo inalcançável — Laura é bela, fêmea, sedutora mas aparentemente está morta. Andrews não é por isto — e «por isto» leia-se ter um sentimento de atracção a uma imagem - um caso raro. Antes pelo contrário. Como ele, são muitas as pessoas que preferem a representação de alguém ao alguém propriamente dito; ou seja, o que «representa» e não o que «é». O duplo suplanta assim a realidade, especialmente quando esta traz por defeito ou necessidade algum aborrecimento, interesse, desprezo ou comodismo.
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