16.4.10

la mort du roman

Pode parecer absurdo (deixemos essa consideração a Camus) marcar uma data de término logo no início de uma relação; não obstante, a verdade é que inevitavelmente estas vêm já com prazo de validade — seja de trinta dias ou de trinta anos — sabendo que é exactamente pelo facto de ser (à partida) desconhecido que elas são estimulantes. Predefinir assim a duração do romance, num acto cru, racional e anti-romanesco, assemelha-se à sua morte prematura mas não é mais do que antever a condição efémera da larga maioria da natureza humana global e cosmopolita — para os sedentários, talvez seja outra história. Dois meses, mas quem diz dois pode até dizer um ou quatro, será o tempo ideal para aproveitar o máximo do tesão e o mínimo da complicação. A partir desse período, tudo tende a tornar-se cada vez mais «inversamente proporcional». Há, contudo, quem diga que a paixão vem com a complicação; que andam ambas de mãos dadas e sem uma a outra não existe. Nas noveletas barrocas e no Romantismo Francês talvez, mas eu pessoalmente não acredito. Pelo menos até prova em contrário.