15.11.10

imamura em williamsburg

De todos os filmes que Shohei Imamura fez com os estúdios Nikkatsu, apenas vi três. E foi precisamente por causa desses três e da polémica que causaram que o realizador abandonou a colaboração com o estúdio para criar a sua própria produtora. Num livrinho de um ciclo da Cinemateca de Ontário que já por aqui mencionei algures, Imamura refere que precisava de mais liberdade e menos censura, de modo a poder concretizar os seus projectos e cunhar uma visão pessoal ao seu cinema. De qualquer modo, quanto a mim, a produção da Nikkatsu interessou-me desde essa leitura. Tentei descobrir os seus principais intervenientes (dos quais nunca hei-de decorar os nomes) e as tendências e direcções por eles seguidas e modeladas. Como os franceses, também os japoneses foram abismalmente influenciados pelo cinema noir norte-americano do pós-guerra. Com base nisso, criaram um estilo muito próprio caracterizado por uma violência visual extrema — que não deixa de conter um qualquer sentimento de revolta pela derrota da 2ª Guerra Mundial. Meia-dúzia desses populares potboilers da Nikkatsu (um pout-pourri de hardboiled, western e rebel youth) dos anos 50 e 60, na altura sucessos comerciais no Japão, são agora recuperados pela Criterion numa colecção intitulada 'Nikkatsu Noir'. Por isso, caro amigo, vem que Suzuki, Furukawa e Nomura estarão à tua espera aqui por Williamsburg. Com jeito, algum Imamura também.