22.11.10

on collecting, untitled america

Entre os alfarrabistas da Village e as lojas de velharias de Brooklyn encontro paulatinamente novos elementos para a minha colecção. Não pretendo com ela o mesmo que Alan Berliner no seu 'The Family Album' nem tão-pouco tento o mesmo efeito daquela tarde de 2007. Interessam-me agora imagens estranhas, alheias —no que toca à minha esfera familiar— mas que sejam representativas de um zeitgeist muito específico do meu imaginário. A exploração pós-modernista do fim do American Dream (e a sua antecessora prodigalização) não me seduz(em) apenas nos campos da Literatura, do Cinema ou da Fotografia. Sabendo que nestas áreas a referida exploração é uma representação do real, tento agora encontrá-la na sua génese: a Realidade propriamente dita. Tambem representações do real, embora a outro nível, as snapshots amadoras são a cristalização (obrigado Sthendal) dessa realidade e a prova (obrigado Barthes) da passagem e metamorfose social (obrigado Gisele Freund) desses trinta anos. Por questões de empatia com o mesmo meio que eu utilizo, selecciono unicamente as tomadas em médio-formato, a cores, com ou sem margem, feitas entre 1950 e 1980. Compilo-as por temas e cenários: de noites de festa a tardes de barbecue; de relvados a salas de jantar. Depois, num acto romanesco, adiciono-lhes um pouco da ficção baseada nas influências que sofri precisamente pela Literatura, pelo Cinema, pela Fotografia. Neste movimento, porventura elíptico, encontro no resultado final aquilo a que chamei 'Untitled America'. Para breve.