27.12.10

breakfast

Saio de casa de Hasselblad em punho com a chegada da tímida luz da manhã. O primeiro passo na neve, onde fico tapado até ao joelho, dá-me conta da tarefa que me espera. Os carros estão cobertos, tal como a estrada. Um morador raspa lentamente com uma pá o monte de neve acumulada no passeio em frente ao seu lote. Vou seguindo rua fora; com dificuldade pois a tempestade ainda não passou. O vento forte faz parecer tudo pior, revolvendo os flocos no ar a uma velocidade que fere a pele e os olhos. No meu desconforto não avanço mais do que meia dúzia de quarteirões pela vizinhança. As ruas do meu quotidiano ganham um sentido de estranheza e distância. Desertas, abandonadas, camufladas; agora irreconhecíveis. Um nevão messiânico, inesperado contraponto da excessiva quadra consumista e caótica que passou. Passo pelo supermercado e o pão fresco não chegou. Talvez castigo de Deus.