5.3.11

the kwt diaries (dawn)

O centro surge no horizonte nocturno como um cenário bidimensional e isolado, flutuante. Os edifícios das sedes financeiras e governamentais, a par das torres icónicas, disputam entre si a coroa de louros da contemporaneidade, assemelhando-se a colagens de formas improváveis num universo sem perspectiva ou profundidade. As variadas luzes que os enfeitam —marco da triunfante celebração nacional que passou— despoletam a alegoria do absurdo e da estranheza, enfatizando uma irrealidade infantil, como que sonhada e não possível, ingénua. A representação plana aproxima-se de nós e não nós dela, até ao ponto em que somos engolidos pelo seu aparente núcleo. Mas o espaço por si criado revela-se igualmente raso, abstracto, vazio. De gente, de vida e de motivo. Aqui, apenas os objectos inanimados parecem fazer sentido em relação uns aos outros; uns com os outros. Articulações estéreis e fabulosas. Depois sai-se como se entra, sem dar verdadeiramente conta disso.