the kwt diaries (bye bye modernism)
O fenómeno que a descoberta do petróleo provocou no país (1938) deu origem a uma escalada inimaginável de desenvolvimento urbano, tecnológico e económico. Nesse primeiro momento, britânicos e outros trouxeram para o Kuwait os seus know-how e how-to. O Movimento Moderno —ícone arquitectónico avant-garde da época— veio na esteira desse dito conhecimento e o território tornou-se durante os anos 1950 a 1970 num extenso laboratório alimentado por motivo, recursos e ambições. A antiga cidade islâmica de terracota evaporou-se debaixo das estacas de betão / dos registos experimentais / dos não-assumidos «colonizadores». Não obstante, o exercício de um estilo internacional —efeito inadiável do progresso que o petróleo impulsionou— produziu resultados locais interessantes. Depois, no final dos anos 1970, surge um segundo momento: a criação de uma nova identidade global iconográfica e megalómana. Contudo, a produção do Movimento Moderno, também pelo seu cunho «colonialista», seria gradualmente posta de parte, secundarizada e apropriada pela horda de emigrantes do subcontinente indiano, no centro, ou abandonada à total degradação nas zonas residenciais. Da mesma forma que a sua escala não poderia nunca rivalizar com a da Tecnologia. E seria a tecnologia e nada mais do que ela que faria esquecer o passado e projectar o futuro. O pós-modernismo, em todas as suas vertentes excepto no pessimismo, chegou quase em tempo real ao Kuwait. O pessimismo viria alguns anos depois. Depois das torturas da ocupação iraquiana e do exílio da classe dominante até então intocável.
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