8.5.11

baixos

Ao terminar a conversa a vela está quase no fim. Alguma cera derramou para fora da palmatória criando geografias grotescas no tampo de madeira sebento. A chuva ainda se faz ouvir ao cair no telheiro de zinco num ritmo melódico de noite de Verão. A mulher leva os copos sujos para dentro deixando-nos de mesa vazia e olhos nos olhos. O velho acompanha-me à porta sem sorrisos e despede-se com um aceno seco. Cá fora, outra vez por minha conta, culpado por mexer nos horrores dos outros, arranco de carro com cuidado pelo estreito carreiro. A morte de quem gostamos nunca é fácil, dissera-me ele no dia anterior pelo portão de ferro à chegada do desconhecido.