a matilha
Consigo, mesmo nas vésperas do meu regresso definitivo aos EUA, vir votar e cumprir assim o meu «direito e dever de cidadão português num estado democrático». Voto na freguesia do Coração de Jesus, em Lisboa, e por coincidência o ainda primeiro-ministro em gestão —que também é eleitor nesta freguesia—veio votar ao mesmo tempo que eu. Escusado será dizer que o circo mediático à volta do stand está montado: dezenas de jornalistas, cameramen, fotojornalistas e alguns curiosos esperam em matilha a chegada do político e o momento do seu voto. Esgueiro-me entre eles, entro e uma vez no interior coloco-me discretamente à margem do caos e longe do alcance das câmaras, preferindo votar apenas depois do espectáculo passar. E é nesta espera que tenho a oportunidade de ver a matilha em acção. Os jornalistas comportam-se de uma maneira deplorável, atropelando tudo e todos à sua frente (colegas mas sobretudo eleitores) para o melhor ângulo, a melhor imagem, o melhor comentário. Eu acredito que cada um deva fazer o seu trabalho o mais profissionalmente possível, mas ver o comportamento de merda destes adultos é francamente lamentável. À saída, vendo o batalhão de câmaras apontadas à porta, digo-lhes na cara o que acho: uns animais, umas bestas-quadradas. Uma pivot presente concorda comigo, os restantes nem por isso.
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