surveillance, one day ago
Saio de casa pelas seis e trinta em ponto. Ainda não é dia. Inicio a corrida com cuidado, foram algumas semanas de descanso, preguiça e desculpas esfarrapadas para mim mesmo. Passo por baixo da plataforma elevatória do Brooklyn-Queens Expressway. Por cima vejo os helicópteros plantados como câmaras de vigilância fixas para levar a todas as casas o trânsito before the world wakes up. O barulho monótono e impositivo remonta a ficção, a um ultra controlo de um regime totalitarista que observa os seus cidadãos, futuro e passado; talvez não tão ficção, concluo. Chego ao tartan do McCarren Park já cansado e tento não ouvir as minhas próprias lamúrias. Alguns corredores estão no seu ritmo, percebo-lhes as sombras entre as luzes dos holofotes que iluminam a pista. Não consigo acompanhar nenhum deles. Estou enferrujado, lento. Luto, corro. Devagar. Aos poucos. Quase parado.
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