20.1.12

mexico city diaries (2)

É durante a aterragem que percebemos a verdadeira dimensão da metrópole. Vinte e um milhões de habitantes espalhados por um planalto perdido entre a encosta de um vulcão adormecido e um horizonte esmagado pelo nevoeiro de uma poluição crescente. Em terra, à imagem aérea do caos urbano juntam-se os milhares de detalhes de cada esquina, quase sempre vontade mimética das anteriores e das que lhe seguirão. Uma seriação em si, código genético de uma banalidade; dado comum multiplicado até ao infinito cujo resultado é sempre igual a si mesmo. Os logótipos, as cores das fachadas, os carros, os sons, as pessoas. Tudo se repete, das casas de venda aos stands de tacos. / Cenários. / Mas são esses mesmos detalhes que depois de uma e outra vez / embora semelhantes / se tornam particulares, reconhecidos na sua unicidade que paradoxalmente é plural, de todos os que formam as partes. Pontos de referência camuflados, jogos subtis entre o viajante e a sua estranha envolvente de múltiplas dimensões, esquema de espelhos e planos. Tudo parece ser o que nem por isso é. Até que chegamos ao local do nosso destino, onde tudo é o que nem por isso parece ser.