labor day, monday
Percorro o bairro de bicicleta numa rotina pessoal. Não encontro nada mais do que uma calmaria resoluta e ruas vazias, como se todos os moradores tivessem decidido sair da cidade neste fim-de-semana prolongado. Passo pelo parque, pela beira-rio, pelo diner de esquina: tudo deserto
—«desertado», apetece dizer
— , abandonado. Como um acto colectivo que servisse para nada mais do que acentuar a geografia da minha solidão. Uma atmosfera desfocada e sem detalhe proporcionada pelo estranho contraste entre os dias comuns e o dia de hoje, feriado nacional, na qual apenas o esforço das pedaladas me traz de volta à realidade. Não por muito tempo. A velocidade abranda até parecer que estou inerte, a flutuar, com o vento a esbarrar-me no focinho por barbear. Continuo sem dar conta. E aos poucos com a chegada do sol da manhã lá revejo outros lobos solitários que como eu passam discretos sem se anunciar.
<< Página inicial